quarta-feira

O que há de novo em 2012 ll

Choreography é o primeiro álbum de estúdio lançado no passado mês de Abril pelo quarteto londrino Weird Dreams que recentemente esteve acompanhou a digressão dos britânicos War On Drugs. A banda de indie-pop lançou também um EP em 2011 intituladoHypnagogic Lullaby” e um single, Holding Nails, no mesmo ano. A banda diz-se influenciada por grupos como os Beach Boys, numa fusão entre vários estilos que vão desde o lo-fi, o psicadélico e o shoegaze. Choreography arranca com as palmas e o ritmo de “Vague Hotel”, que acaba por sintetizar aquilo em que consiste este álbum – as guitarras melódicas, os vocais limpos e harmoniosos de Doran Edwards, canções solarengas e ritmadas pela bateria com uma réstia de melancolia inerente às mesmas. É o caso da nostálgica “Little Girl”, ou da hipnótica “Choreography”, o tema homónimo e que termina o álbum. “Summer Black”, “Hurt So Bad” ou “Holding Nails” são algumas das faixas mais energéticas, contrastando com a sonoridade acústica de “River Of The Damned” ou o ritmo mais lento e sonhador de “Velvet Morning” ou “Suburban Coated Creatures”. É também perceptível uma influência psicadélica em temas como “666.66”, “Faceless”, ou “Michael”. Este álbum compõe uma playlist de boas melodias pop, grandemente inspiradas nos anos 60 e 70. Ouça o tema “Little Girl”, aqui:



O que há de novo em 2012 I











Outlands é o álbum de estreia do grupo natural de Sydney, Australia, editado em Março deste ano,  após o lançamento do EP Don’t Be Sorry, em 2009. 
Formada em 2008, a banda de indie-pop descreve a sua sonoridade como “os Zombies a dar uma festa na praia para os Portishead”. Este álbum apresenta isso mesmo, uma mistura de géneros que flui na perfeição em canções simples, que pairam entre influências desde o trip-hop, ao surf rock, até ao rock psicadélico. 

“Outlands”, a primeira faixa, despertando-nos os ouvidos com um espírito misterioso e algo sombrio e um riff de guitarra inesperado. Surge-nos de seguida “See No Light” com um ritmo vibrante e acelerado, abrindo caminho para um aumento de intensidade em “Girls”, um dos singles, e “Granite City”, que nos levam para os caminhos do britpop dos anos 90 e do indie rock actual. 

Já em “Together”, encontramo-nos com o psicadelismo dos conterrâneos Tame Impala, passando por pequenas jóias pop como  “Steam”, “The Devil Won’t Take You” e “All The Kids”, que nos soam a banda sonora de um típico amanhecer de verão e nos aguçam o interesse. É impossível também não denotar uma energia retro que nos relembra de Beatles ou de Beach Boys em temas como “Don’t Be Sorry” ou “Lonely In Your Arms”. Em “Ride” voltamos ao tom melancólico e algo anestésico do início, até “Airbulance”, a última faixa, que confere um fecho circular a este álbum. Apesar da mescla de influências, este é um álbum sólido e coerente, que nos prende do início ao fim, e que pode ser ouvido na íntegra, aqui:




Brand New – The Devil and God are Raging Inside Me (2006)


É difícil dizer qual álbum de Brand New os lançou na ribalta. A verdade é que, até agora, nenhum o fez verdadeiramente. Mas se ouvíssemos todos os seus álbuns, não notaríamos apenas o crescimento e maturidade, tanto na música como nas letras, gradualmente adquiridos; veríamos que The Devil and God Are Raging Inside Me é, muito provavelmente, o álbum mais bem conseguido de Brand New.

Sowing Season (Yeah) é a faixa de abertura. O género de música que deixa logo o pressentimento da iminente presença de uma melancolia infinita ao longo de todo o álbum. Composta por Lacey, vocalista (que desde o primeiro álbum da banda tem provado ser um poeta no verdadeiro sentido da palavra), juntamente com o guitarrista Vin Accardi, Sowing Season fala-nos do que já se perdeu, daquilo que faz falta e não se tem, da dor que o fim nos traz e que a verdade carrega. Se é verdade que é essencial que a primeira faixa de um álbum consiga prender os ouvintes, Sowing Season fá-lo, claramente. A agressividade que a música vai gradualmente ganhando prende-nos ainda mais. Não dá para abandonar o navio agora. The Show Must Go On.

And it does go on, certamente. Millstone é a segunda faixa do álbum, e apesar de não ser tão forte quanto a primeira, é forte o suficiente para não apagar a vontade de continuar a ouvir o álbum. Sendo, com toda a certeza, das músicas mais comerciais do álbum, é fácil gostar de Millstone – nem que seja pela letra, na qual qualquer pessoa se consegue rever com facilidade. Millstone é a mudança. É o olhar em introspectiva e ver que já não somos quem fomos outrora. É o olhar para trás e pensar nos erros, deixar que o arrependimento nos envolva, à medida que nos apercebemos de tudo o que nos fugiu por entre os dedos. É, por 4 minutos e 17 segundos, o deixar de saber quem somos, na verdade.
A partir da terceira faixa, o álbum começa a ganhar uma força inqualificável – e apesar de este ser um facto do qual só nos apercebemos depois de ouvir o álbum repetidamente, depois de ganharmos a sensação de familiaridade com as músicas, é possível apercebermo-nos de que o álbum está a entrar, triunfante, no seu auge. 

Jesus (ou Jesus Christ) não nos faz perder a melancolia que se apoderou de nós no início do álbum – Torna-a consistente. Mais calma do que as duas que a antecedem, com apenas pequenos laivos de agressividade, Jesus vale muito pela letra, a fazer contraste com a voz de Lacey, que transporta naturalmente uma tristeza muito característica – somos confrontados com o medo, acima de tudo. O medo do que se segue depois de partirmos deste mundo. O medo de ficarmos sozinhos numa cama fria e grande demais para apenas um corpo. É certamente a música mais melancólica do álbum. E aquela que nos faz, agora com todas as certezas, querer continuar a ouvir o álbum. 

Degausser é o nome da quarta faixa. Como descrevê-la sem deixar de fora a sua essência? Parece uma tarefa um tanto ou quanto impossível. Se Jesus consolida os sentimentos que nascem em nós, Degausser fá-los crescer, confere-lhes uma magnitude suprema. Degausser é o travo amargo dos arrependimentos que nos tiram o sono à noite. É o peso no peito que nos impede de respirar, ao mesmo tempo que consegue ser o adeus aos demónios que trazemos connosco e aos fantasmas que seguem todos os nossos movimentos. 

Segue-se Limousine. Quem ouve a música pela primeira vez, raramente conhece a história por detrás desta. Limousine é uma alusão à morte de Katie Flynn, uma criança de 7 anos. O condutor da limusine onde Katie se encontrava tinha bebido, pelo que se sabe, mais de 44 bebidas, e um acidente ceifou a vida da menina. Toda a letra gira à volta desse facto, e cada verso transporta consigo uma mensagem muito emotiva, às vezes em demasia. É também das músicas mais emocionantes do álbum. Com uma introdução muito calma, a música vai ganhando força, que depois perde, para a tristeza profunda, e que volta a ganhar, para conferir a Limousine um fim memorável.
E, por falar em memorável, o verdadeiro auge do álbum acaba de chegar.  

You Won’t Know é o expoente máximo da mágoa, da fúria, do desespero – toda a dor que a música traz consigo passa a ser a nossa dor. A letra começa a esconder-se num canto qualquer da nossa alma, e alastra-se para a totalidade de quem somos. Cada palavra toca na nossa vida como um dedo toca numa ferida aberta. You Won’t Know é como chegar ao fim do dia e não restar nada a não ser a dor. A dor de ter que se ser.  

Welcome to Bangkok acalma tudo aquilo que You Won’t Know despoletou, pelo menos durante o primeiro minuto e meio. Tudo regressa, no entanto – ainda que não com tanta intensidade. Não sendo das faixas mais fortes do álbum, é uma boa instrumental.

Segue-se Not the Sun, muito mais cheery do que qualquer outra música do álbum, até agora. A melancolia que se tem mantido presente esbate-se um pouco aqui, nunca desaparecendo por completo. Mas a letra, não demasiado feliz, nem exageradamente triste, aliada ao ritmo, à sonoridade, faz com que seja a música ideal para se ouvir, ironicamente, num dia solarengo, onde a má disposição e a tristeza não tenha tomado conta de nós. 

Luca, a nona faixa, encarrega-se de nos lembrar de que a tristeza não é algo de que nos consigamos ver livres tão facilmente assim. Tal como em algumas músicas anteriores, Luca é sobre a incerteza do que acontece quando partimos: A nossa falta será sentida? Teremos deixado marcas suficientemente profundas em alguém? Não foi a nossa passagem algo meramente superficial nas vidas das pessoas com que lidámos? Luca faz-nos as perguntas, sem nos oferecer as respostas. 

Untitled quase passa despercebida no meio do álbum – é, no entanto, uma instrumental melhor do que Welcome to Bangkok. Se ignorarmos as palavras, meio sussurradas, I can never love you, I can never reach you, quase somos invadidos por uma sensação de calma, de paz, de equilíbrio, de chill. Faz desejar que a música dure mais, que não acabe por ali, que haja uma forma de prolongar aquela sensação, que, no fundo, já sabemos efémera.

The Archer's Bows Are Broken volta a trazer-nos a boa-disposição de Not the Sun; talvez até com mais intensidade. Não é, também, das melhores faixas do álbum, mas não falha no propósito de aliviar a tensão causada pelas poderosas Degausser ou You Won’t Know.

O álbum acaba da mesma forma que começa. Handcuffs, a última faixa, marca o retorno, uma vez mais, da melancolia inevitável. É, juntamente com Jesus, a música mais triste. A que mais facilmente nos arranca lágrimas, talvez por a agressividade não ser tão acentuada como é noutras músicas.  Passam-se os últimos quatro minutos e onze segundos do álbum – mas a tristeza fica.
Não poderia nunca ir embora agora. 


Nota: 10/10

Degausser


 Limousine



 You Won't Know



Texto: Leonor Fernandes
 

Radiohead - The King of Limbs



Ai Radiohead , Radiohead ... o que dizer sobre eles que ainda não foi dito ? Revolucionários ? Mestres musicais ? Uma grande fonte para alimentar o "cospe-veneno" que é o Liam Gallagher ? Tudo isto é verdade , mas será que se aplica ao oitavo LP da banda "The King of Limbs" ?
Os camaleões da música atacam de novo ! Suceder ao "In Rainbows" , de 2007 , nao era de todo tarefa fácil e os Radiohead usaram a sua "metodologia" habitual : esquecer tudo o que gravaram para o álbum anterior e ter uma aproximação totalmente fresca e inovadora para o processo de gravação. O resultado ? Bem , explicando por miúdos , peguem na faixa "The Gloaming" do álbum "Hail to the Thief" , misturem isto com o "Amnesiac" e com o álbum a solo do Thom Yorke (vocalista dos Radiohead) "The Eraser" e voilá !!! "The King of Limbs" is born.
A coisa mais imediata do álbum é o uso agressivo de loops e samples na grande maioria das apenas 8 faixas. Faixas como "Morning Mr. Magpie" repetem até à exaustão certos "motifs" musicais, tornando-as até cansativas ao ouvido. Apesar disto há alturas em que os loops resultam , como por exemplo, na faixa "Separator". O "swing" entre os loops de drums , o baixo , a  guitarra "no background" (que é das únicas vezes do álbum que ouvimos de facto Jonny Greenwood a tocar) e a voz ecoante do Thom Yorke criam um ambiente único.
O álbum tem um bom fluxo , com a maioria dos loops concentrados na primeira parte do mesmo e com a segunda parte a dar uma "pausa" ao ouvinte com duas baladas : "Codex", na qual quero dar destaque ao grande trabalho de instrumentos sopro e corda que aparecem a meio da música, e "Give up the ghost". Apesar disto , até a faixa "Give up the Ghost" contém um "loop" vocal repetindo durante toda a música "Dont Hurt me/Don't Haunt me", funcionando bem nos primeiros instantes mas, acabando, com sucessivas audições , inevitavelmente , por cair na repetição.
O primeiro single deste LP, "Lotus Flower" e a faixa de abertura, "Bloom", são as melodias mais fortes do álbum. A voz , e a forma como o Thom atinge as notas altas no "Lotus Flower" é arrepiante e o crescendo e as camadas de instrumentos que se sobrepõem no "Bloom" é "eargasmic".
As letras são o clássico Radiohead-doomy-gloomy-old-russian-novel-its-anyones-guess, portanto nem me vou atrever a pronunciar sobre elas.
Apesar das repetições, a grande falha do álbum é a sua duração . Este LP com 8 faixas e apenas 37 minutos é o mais curto da carreira dos Radiohead e faixas "fillers" como o "Feral", que apesar de ser uma experiência agradável, soa-me a música inacabada, não têm lugar num álbum deste tamanho.
No final de um LP em que a palavra-chave é definitivamente repetição, ficamos com um gosto amargo na boca , um "saber a pouco" dificilmente superado por sucessivas audições do mesmo. Será este um álbum terrível ? Longe disso ! Mas não há nada aqui que tenha o impacto emocional de um "Ok Computer" , de um "Kid A" ou até de um "In Rainbows".

Faixas Preferidas : "Bloom" , "Lotus Flower", "Codex", "Separator"
Pontuação : 7.4

Bloom







Codex


Separator


Audio Review 1 : Yankee Hotel Foxtrot - Wilco

Fiquem com o meu primeiro audio review de um dos meus LP's favoritos.

http://soundcloud.com/joao-carrilho/audio-review-1

Esqueci-me de referir neste review que este álbum é defenitivamente um "grower". É daqueles que não apanhamos nas primeiras audições mas que depois adoramos... pelo menos aconteceu comigo. Demora tempo a fazer o seu efeito , mas quando faz é forte : it's like a bomb with a slowfuse. One day it just goes BOOM.

    I am Trying to Break your Heart


Poor Places


 

O Shoegaze não morreu

No final dos anos 80 e inícios da década de 90, proliferou pelo Reino Unido um estilo musical caracterizado por riffs de guitarra longos, densos e ensurdecedores e ondas de distorção. Instrumentos e vozes fundiam-se numa mescla de sons puros e etéreos. O termo, difundido pela imprensa britânica, dizia respeito à postura em palco (estática, de “contemplação” dos pés) dos grupos e nada tinha a ver com a sua sonoridade. O shoegaze teve bastante sucesso até ao aparecimento do britpop e do grunge em meados dos anos 90, que o colocaram em segundo plano. Apesar disso, tanto a sonoridade como os grandes grupos da época continuam a influenciar artistas da actualidade. Falamos de nomes como My Bloody Valentine (MBV), tidos como os pioneiros do género e principal referência, com o marcante Loveless, mas também de outros nomes de importantes shoegazers, tais com Ride, Lush, Jesus and Mary Chain ou Chapterhouse. E, de outros, igualmente relevantes mas que alcançaram um relevo mais modesto: Medicine, Revolver ou Swervedriver. Muitas bandas actuais inspiram-se nas características deste género, fundindo-as com outros estilos como o pós-rockdream pop, rock psicadélico, entre outros, recriando sonoridades diversas e inovadoras. Aqui ficam alguns exemplos.


Fleeting Joys
A dupla da Califórnia fundado pelos irmãos John e Rorika Loring em 2005 manifesta claras influências de MBV e de outros grupos como The Jesus and Mary Chain ou Spacemen 3. Com dois álbuns de estúdio - o primeiro, Despondent Transponder, lançado em 2006 (e re-editado em 2010) alcançou críticas muito positivas, e foi, até, posto ao lado do aclamado Loveless. O segundo álbum, Occult Radiance, foi lançado em 2009Abaixo pode ser ouvida “Magnificent Oblivion”, retirada do primeiro álbum da banda e uma das faixas de destaque:






Ringo Deathstarr:
O trio natural de Austin, Texas, foi fundado em 2005 por Daniel Coborn (bateria), Elliott Frazier (guitarra) e Alex Gehring (baixo) e conta com dois álbuns lançados: Colour Trip, álbum de estreia lançado em 2011, e Sparkle, um álbum de compilações lançado no mesmo ano. Frazier, guitarrista, descreve a banda como: “Nós escrevemos canções pop simples e giras, mas simplesmente cobrimo-las em camadas de ruído.” (em, Sonicunyon)
A banda acompanhou os Smashing Pumpkins na sua passada digressão, estreando-se em Portugal na primeira parte do concerto destes no Campo Pequeno, em Dezembro do ano passado. Em baixo fica o tema “So High”, do álbum de estreia da banda:



Screen Vinyl Image:
A banda de Washington, EUA, formada por Jake Reid e Kim Reid (ex-membros dos Alcian Blue) apresenta uma sonoridade que relembra um encontro entre Jesus and Mary Chain, New Order e Sisters Of Mercy. Uma mistura entre a atmosfera soturna do pós-rock, a distorção “shoegazeana” e ritmos electrónicos. O grupo conta com dois álbuns de estúdio: Interceptors, lançado em 2009 e Strange Behaviour, em 2011, que pode ser ouvido na íntegra aqui:






LSD and the Search for God:
Apesar do curto trabalho da banda, que consiste num EP homónimo lançado no ano de 2007 de cinco faixas, a banda de São Francisco, Califórnia, formada em 2006, conta com características musicais muito próprias que englobam elementos do shoegaze, rock psicadélico e noise rock. Vale a pena conferir "I Don't Care", um dos temas do EP. Entretanto, cá ficaremos à espera de material novo:





Entrevista - Hello Captain







Antes de mais, conta-nos um pouco sobre ti...

Eu sou o Miguel, tenho 20 anos e venho de Viseu. Estou a estudar Design de Equipamento da Faculdade de Belas-Artes, em Lisboa, e tenho um capitão dentro de mim, que gosta de tocar guitarra e que acabou de lançar um EP.


Como surgiu o projecto?E o porquê do nome Hello Captain?

Bem, nao é que o 'projecto' tenha surgido recentemente, de certa forma sempre cá esteve, mas ou com outros nomes, ou antes disso, até sem nome. É (e sempre foi) o meu processo criativo com a musica, em particular com a guitarra. Já o nome 'Hello Captain' surgiu porque tinha que 'me' dar um nome, óbvio que nao é um mero nome. Concentra nele o que acho que seja um nome que se adequa a mim, de certa maneira, vejo-me como um capitão sozinho no meu barco a naufragar num mar de inspiração (mais uma vez, é uma analogia com o meu processo criativo, visto que é o meu projecto a solo, onde toco e canto sozinho).

E em termos de inspirações, quais são as tuas?

A inspiração é algo muito complexo e variado, diria mesmo que vem de tudo o que me rodeia (até porque é a verdade). Tendo a escrever e compor sobre o que me rodeia, desde a situações pessoais (são as mais recorrentes) a conversas e/ou situações com e de amigos. Depois há o outro tipo de inspirações, que é a música que oiço que, quer queira quer não, influencia sempre um pouco, nem que seja às vezes só uma ou duas notas.

No dia 18 de Maio, deste um pequeno concerto. Como foi a estreia do capitão tanto para ti como da parte do público? Foi bem recebido o projecto?

Bem, para mim nao precisa de ser estreia para ficar um pouco nervoso, mas ouvi dizer que o Capitão se safou bastante bem! O projecto foi bem recebido, o tempo é que nao deve ter gostado muito pois passado dois segundos de ter acabado a ultima musica começou a chover, pelo que nem quase tive tempo para saborear as palmas pois tive que começar a levar tudo para dentro com a ajuda dos que estavam por lá. Foi caricato sem dúvida.

É um projecto muito recente, no entanto quais são os próximos passos?

Bem, nao é que tenho algo totalmente estabelecido, mas gostava de dar mais uns concertos com o EP. Depois disso, é começar e trabalhar noutro novo EP, ou umas colaborações. Não sei, o que quer que seja que a maré traga.


Conhece mais de Hello Captain: facebook e bandcamp

Texto: Beatriz Albernaz

Twin shadow: novo álbum em Julho



Depois de "Forget" , onde o new wave é mesclado com  soul e a intensidade do rock.,  lançado em 2010, a pop sintetizada e emotiva de George Lewis Jr., que dá voz e corpo a Twin Shadow estará de regresso com o álbum “Confess”,  inspirado por um acidente de mota no qual o músico esteve envolvido.

O novo álbum tem data de lançamento marcada para 9 de Julho através da editora 4AD, que é também responsável pelos últimos trabalhos de Atlas Sound e St. Vicent. 

O primeiro single de "Confess", Five Seconds, surge com a mesma sonoridade e influências  do seu álbum de estreia.


“Enquanto a mota escorregava por debaixo de nós a minha cabeça enchia-se de palavras. Os momentos de calma em câmara-lenta que seguem a surpresa e que antecedem o arrependimento são de felicidade. Lembro-me daquele momento em que quis dizer-lhe tudo. Como é que eu conseguia dizer tudo numa fracção de segundo? Como é que eu podia enterrar as minhas palavras no seu coração?”




Visita o website da banda aqui


Texto: Beatriz Albernaz

terça-feira

Concerto - Memória de Peixe


 
O projecto musical Memória de Peixe esteve no passado dia 21 de Maio na PT Bluestation (Baixa-Chiado). Para quem nunca ouviu falar, este é um projecto do guitarrista Miguel Nicolau, e do baterista Nuno Oliveira. 

O porquê do nome prende-se precisamente com a sonoridade que este grupo nos oferece. Criam canções em tempo real, através de loops de guitarra, acompanhados pela bateria. Improvisação é a palavra-chave, que leva a que a repetição de esqueça e se transforme constantemente – “tal e qual como um peixe que vai vivendo o seu próprio esquecimento”.

Se queres ficar a conhecer melhor este projecto português, segue o seu facebook (https://www.facebook.com/memoriadepeixe) e myspace (http://www.myspace.com/memoriadepeixept), onde podes ainda ouvir algumas músicas. 


Por agora, fica aqui a sugestão.

(texto: Leonor Fernandes)

Concerto - Axioma

Quatro alunos da Universidade de Évora juntam-se para apresentar um estilo de música que combina influências de rock progressivo, metal, folk, e até música clássica. Resultado? “De ouvir e chorar por mais”. 

Os AXIOMA, compostos por Carolina Resende (violino), Hugo Santos (violino), Fernando Álvarez (violoncelo), e Daniel Safara (bateria), estiveram no passado Sábado (19/05/12) no bar JP2, em Reguengos de Monsaraz. Por lá, ouviu-se de tudo um pouco, desde originais a covers de Prodigy, e as atenções do pequeno público que estava no bar concentraram-se de imediato naquela sonoridade tão particular. Fernando Álvarez, no seu português arranhado, ocupou-se de fazer as apresentações, da banda e das músicas; “Este espanhol não se cala”, comenta Daniel, baterista, durante o intervalo do concerto, onde os músicos da banda se detêm a conversar com as pessoas presentes no bar.

Inspirados por artistas como Apocalyptica, System of a Down, Metallica, Dream Theater, ou mesmo Skrillex e Pendulum, os AXIOMA afirmam ter surgido com o intuito de tocar um estilo de música diferente daquilo a que eles estão habituados, pois os quatro elementos pertencem ao curso de música da Universidade, no ramo de interpretação clássica. 

No final do concerto, a reacção foi unânime: “Mais uma, mais uma”, e as poucas pessoas que por lá estavam depressa pareciam ser o dobro, as vozes a pedir enfaticamente por mais uma música. Vontade concedida. Depois de mais três músicas e da derradeira despedida, as caras das pessoas não deixavam enganar: Soube a pouco. 




páginas da banda:
facebook
myspace


(texto e fotografias: Leonor Fernandes)




Entrevista - Uxu Kalhus

Uxu Kalhus. Um “grupo folk português algures entre os universos da fusão e das músicas do mundo”, com influências de jazz, rock, ska, trazem consigo mais do que um trocadilho no nome, um resultado explosivo e vibrante. Extravagante. Continua a ler para saberes mais sobre esta peculiar banda portuguesa.



Uxu Kalhus é um projecto que, pelo que percebi, já dura desde 2003. Como surgiu? 

 Na verdade o projecto nasceu em 2000,  com o objectivo de divulgar as danças e a música portuguesas num festival em França. Ao longo dos anos e com várias transformações e formações, o grupo chegou a esta ultima em 2009.


 No vosso blog, autoproclamam-se como um “grupo de música trad-folk-rock”. Sempre tiveram em mente esse estilo para a banda, ou surgiu por acaso?

 O grupo é um colectivo ecléctico, cada membro tem percursos distintos e é com essa caldeirada de personalidades e gostos que se chega mais ou menos a esse desígnio, em que todos concordamos não estar fechado nele próprio. Ao ouvirem as nossas músicas acabam por perceber isso mesmo.


Em termos de inspirações, ídolos?

São muitos e cada um de nós teria de falar por si, pois é difícil reunir em poucas palavras, todas as influências de cada um de nós. A própria vida que temos em comum, as muitas horas de estrada e as pessoas que vamos conhecendo, tudo isso influencia a nossa música.


 O vosso cd saiu no dia 13 de Fevereiro deste ano. Como descrevem este álbum? 

Este novo álbum espelha a formação actual. A leitura possível que temos dele, é que tem uma energia transbordante, a vontade de transpor limites é uma constante e o resultado que ele tem nas pessoas, só elas o poderão confirmar, mas da recepção que temos tido ao longo do lançamento, tem sido muito muito… efusiva! 
Estão satisfeitos com o álbum?


Claro! Ele não sairia cá para fora se não estivesse ao nosso gosto! Mas para nós, o álbum é apenas um registo, não algo fechado e intocável. Muito provavelmente, as pessoas que forem assistir a um concerto nosso, vão-se deparar com surpresas. As músicas podem se transformar ao longo dos concertos que formos dando.
  

No que diz respeito a concertos, dá para perceber no vosso blog que têm uma agenda relativamente cheia. O público gosta das vossas músicas? Há interacção? 
 
Como já foi dito, sim. No geral, temos tido críticas muito boas e uma aceitação igualmente boa. O público tem-se manifestado de uma forma bastante positiva.

 
Novos projectos a caminho?

Como é habitual, já temos ideias para novas músicas em formatos diferentes, que a seu tempo será divulgado, pois nada ainda está concretamente delineado.
 
vê aqui o videoclip de "Extravagante", de Uxu Kalhus 



Uxu Kalhus:
blogspot


(entrevista: Leonor Fernandes)

Valtari: Novo albúm de Sigur Rós

Foi na passada quinta-feira, 17 de Maio, que os islandeses Sigur Rós apresentaram o seu novo álbum, numa transmissão mundial em streaming. Valtari, nome do sexto álbum de estúdio de Sigur Rós, chegará às lojas no dia 28 de Maio. Para quem não pôde escutar a transmissão, já é possível ouvir Ekki Múkk, o primeiro single. 

É difícil ficar-se desprendido dos trabalhos de Sigur Rós. Para quem não conhece, para quem nunca ouviu, é quase sempre um choque, e quase sempre muito maior do que aquilo de que se está à espera: É o despertar de mil e uma emoções, e o adormecer de outras tantas, e o ávido desejo de mais quando uma música chega ao fim. Para os fãs, tudo isso é já familiar: A alegria um tanto indescritível de quando se ouve Hoppípolla, a melancolia infinita de Samskeyti. Tudo em Sigur Rós apela à não indiferença: desde a voz inconfudível de Jónsi Birgisson, a todos os outros elementos minimalistas da própria música.

 Os islandeses defendem que o álbum será totalmente diferente daquilo que fizeram até ao momento. Numa entrevista à revista Q, Georg Holm, baixista, afirmou que comparava este álbum “à contemplação de uma pintura de uma paisagem” – afirmação sugestiva o suficiente para deixar os fãs ainda mais curiosos. 

A partir de Agosto, Sigur Rós regressam aos concertos: França, Japão, Holanda, Polónia, Itália, Inglaterra, são alguns dos países onde já têm actuações agendadas.


ouve aqui Ekki Múkk, novo single da banda






(texto: Leonor Fernandes)